Ontem passei a tarde numa
sessão de reiki com o meu maravilhoso mestre Carlos Humberto, quando tomo uma
decisão importante na minha vida, que acho que tenha que me equilibrar dou uma
corrida até ele. Na época que estava doente ia sempre, na verdade contei com a
compaixão dele e ele veio me atender em casa algumas vezes, quando eu conseguia
ia até o templo dele, até mesmo porque lá nos sentimos melhor só de estarmos
perto de tanta energia boa.
Sabe por que tenho que ir
até ele para equilibrar meus chakras? Porque não melhorei em nada. Mania que
as pessoas têm de acharem que porque passamos por uma doença que nos botou no
bico do corvo nos tornamos almas caridosas, algumas coisa entre Gandhi e Madre
Tereza de Calcutá.
Você acha que porque
passei por 2 cânceres eu me irrito menos porque o governador Sérgio Cabral tem
a cara de pau de ir de helicóptero do Leblon para Laranjeiras todos os dias? Ou
porque o filho do Lula ficou rico da noite pro dia? Acha mesmo que eu sou capaz
de pensar que o que importa é que eu estou bem de saúde?
Saindo da política e indo
para a minha vida cotidiana também é a mesma coisa, não me irrito menos com
minhas filhas bagunceiras, não reclamo menos se deixam as roupas jogadas no
chão. Acho que meu compromisso em educa-las continua o mesmo. Continuo chata
com o meu marido e se me tratam mal não sou fácil de perdoar. Não sou de jogar
a primeira pedra, nunca fui, mas se me jogam a primeira pedra depois tem que
aguentar as consequências, e sinto muito decepcionar os outros, mas este
defeito não passou com as minhas doenças. Fico chateada com quem cobra que eu
deveria ter me tornado uma pessoa melhor, já não basta ter lutado para viver,
ainda tinha que ter melhorado? Do jeito que eu era já não está suficiente? Não
é muita cobrança, sobreviver e melhorar?
Meu marido fica furioso
porque diz que eu não aprendi nada com a minha doença. Não é verdade, aprendi
muito. Às vezes eu acordo e não quero fazer uma coisa que considero boba, ai eu
penso que se tivesse morrido não iria fazer mesmo, então volto a dormir, mas se
é um compromisso eu levanto de qualquer maneira, é uma questão de
personalidade.
Fui criada achando que o mundo tinha que ser melhor por que eu tinha passado por ele e que se eu me
calasse diante de uma coisa errada eu estava concordando com esta coisa errada
e não tem doença que tire estes valores da minha cabeça. Há alguns anos atrás
estava mais uma vez numa semana de descanso entre os tratamentos de radio e
quimio, no SPA Equilíbrio em Uberlândia, quando uma mulher, que nunca vi na
vida, começou a falar que achava um absurdo o filho não querer sair da
faculdade particular em Montes Claros/ MG e passar para a pública onde a irmã
dela tinha conseguido a transferência para ele, porque ela é assessora de um
político importante em BH, mas o filho gostava das festas da galera da
faculdade que ele estava. Eu olhei bem no fundo dos olhos dela e com toda a
calma do mundo respondi que absurdo era ela ter a coragem de falar com aquela
naturalidade que a irmã dela iria “entrar” com o filho dela numa universidade
pública pela janela, que ela deveria ter pelo menos vergonha de falar algo
daquele tipo em público ao invés de estar contando vantagem. Ela ficou com cara
de idiota, inventou que o filho iria fazer uma prova.
Acho que o esperado para
quem passou por algo grave como eu é que levasse uma vida mais light, que
ouvisse uma mulher desta e fingisse que nada estava acontecendo, bem do estilo,
QUER SER FELIZ OU TER RAZÃO? Mas o que
posso fazer se esta não sou eu. Eu não morri, estou viva. Não vou dizer a
besteira que prefira ter morrido do que ficar quieta, sem me envolver, mas com
certeza seria um sofrimento.
Não
cobre demais das pessoas, quando você falar para as pessoas serem felizes
lembre-se de pensar o que deixa as pessoas felizes.
Nem
sempre o seu ideal de felicidade é igual para todos.
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