terça-feira, 9 de julho de 2013

Será que depois de tudo sou uma pessoa melhor?

Ontem passei a tarde numa sessão de reiki com o meu maravilhoso mestre Carlos Humberto, quando tomo uma decisão importante na minha vida, que acho que tenha que me equilibrar dou uma corrida até ele. Na época que estava doente ia sempre, na verdade contei com a compaixão dele e ele veio me atender em casa algumas vezes, quando eu conseguia ia até o templo dele, até mesmo porque lá nos sentimos melhor só de estarmos perto de tanta energia boa.
Sabe por que tenho que ir até ele para equilibrar meus chakras? Porque não melhorei em nada. Mania que as pessoas têm de acharem que porque passamos por uma doença que nos botou no bico do corvo nos tornamos almas caridosas, algumas coisa entre Gandhi e Madre Tereza de Calcutá.
Você acha que porque passei por 2 cânceres eu me irrito menos porque o governador Sérgio Cabral tem a cara de pau de ir de helicóptero do Leblon para Laranjeiras todos os dias? Ou porque o filho do Lula ficou rico da noite pro dia? Acha mesmo que eu sou capaz de pensar que o que importa é que eu estou bem de saúde?
Saindo da política e indo para a minha vida cotidiana também é a mesma coisa, não me irrito menos com minhas filhas bagunceiras, não reclamo menos se deixam as roupas jogadas no chão. Acho que meu compromisso em educa-las continua o mesmo. Continuo chata com o meu marido e se me tratam mal não sou fácil de perdoar. Não sou de jogar a primeira pedra, nunca fui, mas se me jogam a primeira pedra depois tem que aguentar as consequências, e sinto muito decepcionar os outros, mas este defeito não passou com as minhas doenças. Fico chateada com quem cobra que eu deveria ter me tornado uma pessoa melhor, já não basta ter lutado para viver, ainda tinha que ter melhorado? Do jeito que eu era já não está suficiente? Não é muita cobrança, sobreviver e melhorar?
Meu marido fica furioso porque diz que eu não aprendi nada com a minha doença. Não é verdade, aprendi muito. Às vezes eu acordo e não quero fazer uma coisa que considero boba, ai eu penso que se tivesse morrido não iria fazer mesmo, então volto a dormir, mas se é um compromisso eu levanto de qualquer maneira, é uma questão de personalidade.
Fui criada achando que o mundo tinha que ser melhor por que eu tinha passado por ele e que se eu me calasse diante de uma coisa errada eu estava concordando com esta coisa errada e não tem doença que tire estes valores da minha cabeça. Há alguns anos atrás estava mais uma vez numa semana de descanso entre os tratamentos de radio e quimio, no SPA Equilíbrio em Uberlândia, quando uma mulher, que nunca vi na vida, começou a falar que achava um absurdo o filho não querer sair da faculdade particular em Montes Claros/ MG e passar para a pública onde a irmã dela tinha conseguido a transferência para ele, porque ela é assessora de um político importante em BH, mas o filho gostava das festas da galera da faculdade que ele estava. Eu olhei bem no fundo dos olhos dela e com toda a calma do mundo respondi que absurdo era ela ter a coragem de falar com aquela naturalidade que a irmã dela iria “entrar” com o filho dela numa universidade pública pela janela, que ela deveria ter pelo menos vergonha de falar algo daquele tipo em público ao invés de estar contando vantagem. Ela ficou com cara de idiota, inventou que o filho iria fazer uma prova.
Acho que o esperado para quem passou por algo grave como eu é que levasse uma vida mais light, que ouvisse uma mulher desta e fingisse que nada estava acontecendo, bem do estilo, QUER SER FELIZ OU TER RAZÃO?  Mas o que posso fazer se esta não sou eu. Eu não morri, estou viva. Não vou dizer a besteira que prefira ter morrido do que ficar quieta, sem me envolver, mas com certeza seria um sofrimento.

Não cobre demais das pessoas, quando você falar para as pessoas serem felizes lembre-se de pensar o que deixa as pessoas felizes.

Nem sempre o seu ideal de felicidade é igual para todos.

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